O tão esperado desempenho do PIB do primeiro trimestre de 2020 fechará uma semana repleta de importantes indicadores para a economia brasileira, dentre eles de inflação e de emprego, que já trouxeram sinais de como a pandemia do coronavírus está sendo sentida no país.
Os dados de atividade dos três primeiros meses do ano serão revelados às 9h (horário de Brasília) desta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a expectativa de uma queda expressiva de 1,5% na comparação com igual período de 2019, de acordo com estimativa mediana da Bloomberg em consulta feita com 31 economistas.
Vale ressaltar que, apesar da baixa, os dados mostrarão apenas os impactos iniciais da pandemia para a atividade brasileira, uma vez que as medidas de isolamento social para reduzir o ritmo de proliferação da doença foram implementadas apenas na segunda quinzena de março. Ou seja, apenas no final do trimestre, indicando que o pior ainda está para ser conhecido, sendo os efeitos maiores a serem observados no segundo trimestre, período em que a quarentena se prolongou.
Com relação ao primeiro trimestre, conforme aponta o Morgan Stanley (que espera baixa de 1,4% do PIB na comparação com o fim de 2019), o consumo privado deve ter sofrido, enquanto as exportações podem ser um outro fator negativo devido à desaceleração do comércio global, puxada pela China, que sofreu por conta da pandemia durante boa parte do trimestre.
Também prevendo um declínio de 1,4% em relação ao trimestre anterior, o Itaú Unibanco espera que a produção industrial registre uma baixa de 0,9%, serviços caiam 1,6%, enquanto a produção agrícola deve ser o destaque positivo, subindo 1,5%.
Já a previsão do banco para o segundo trimestre é de um declínio de 10,6%, pois as medidas de distanciamento social terão efeito na maior em vigor na maior parte do período. “Vemos a economia se recuperando a partir do terceiro trimestre, levando o PIB a cair 4,5% em todo o ano e a aumentar 3,5% em 2021”, avalia a equipe de análise econômica do banco.
Nessa linha, o UBS também aponta uma maior recessão no segundo trimestre, ressaltando que os dados preliminares mostraram uma forte baixa de cerca de 15% e uma acomodação maior no mês atual. “Dados de alta frequência sugerem que a economia está operando 20% abaixo do nível entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020”, avalia o banco suíço. Os economistas do banco esperam uma baixa de 1,8% no primeiro trimestre e uma queda de 7,5% no ano.
Expectativa de flexibilização
Em meio a esse cenário tão negativo para a atividade, a expectativa fica para a reabertura da economia que, por sua vez, depende da evolução dos casos do coronavírus em diferentes regiões do país.
Nesse sentido, na véspera, governo de São Paulo anunciou a prorrogação da quarentena por mais 15 dias, mas com a flexibilização gradual da atividade econômica, de acordo com a situação da Covid-19 em cada região do estado, a partir de 1 de junho.
O projeto de retomada da economia, intitulado de “Plano São Paulo”, terá cinco etapas e vai seguir diretrizes criadas pela Secretaria de Saúde, o Comitê de Contingência para Covid, representantes das 16 regiões administrativas de São Paulo e grupos de empresários. Veja mais detalhes clicando aqui.
De acordo com o UBS, as medidas anunciadas no maior estado do Brasil em termos de PIB estão alinhadas com as estimativas de reabertura gradual a partir de junho.
“O PIB do terceiro trimestre mostrará alguma aceleração, mas eles não devem evitar a queda esperada de 7,5% para o PIB. No entanto, qualquer notícia sobre reabertura, mesmo nos estágios iniciais, ajuda a trazer alguma sentimento positivo em relação às perspectivas econômicas”, avaliam os economistas.
Já na avaliação do Bradesco BBI, que projeta uma queda de 7% para a economia brasileira no ano, um plano para suavizar a quarentena no estado de São Paulo é um marco importante neste período de crise, o que deve ajudar a restaurar os mercados em áreas onde a propagação do Covid-19 é baixa e as taxas de ocupação hospitalar também são baixas.
“No entanto, é importante observar que algumas metas atuais para flexibilização [anunciadas na quarta pelo governo paulista], em nossa opinião, podem ser difíceis de alcançar. Por exemplo, uma taxa de ocupação nos hospitais igual ou inferior a 60% [para flexibilização] é significativamente menor que a taxa média de ocupação entre 80 e 85%. Além disso, acreditamos que alguns ajustes podem ser feitos ao longo do processo à medida que a situação melhora”, avaliam os analistas do banco.
fonte: InfoMoney, escrita por Lara Rizério
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