No Brasil, processo de emitir menos carbono deve considerar o fim do desmatamento e pecuária mais eficiente. Quando um alimento falta na gôndola ou fica mais caro um dos fatores pode ser o clima
Secas intensas, chuvas irregulares e desastres naturais cada vez mais frequentes escancaram as mudanças climáticas ao redor do mundo. Isso acontece porque a emissão de gases de efeito estufa, como carbono e metano, está muito acelerada. As emissões sempre aconteceram, mas a industrialização global intensificou esse processo a ponto de esquentar o Planeta.
O clima é o primeiro a ser afetado e, consequentemente, a produção de alimentos. Manter a Terra em uma temperatura aceitável é questão de sobrevivência, tanto quanto a sabedoria de plantar e colher mudou a dinâmica da raça humana.
Comprovada pela ciência, a solução para desacelerar o aquecimento global é a descarbonização. “Descarbonizar é diminuir a emissão de carbono no planeta”, resumiu André Guimarães, membro do Conselho da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Uma tarefa coletiva e urgente.
O exemplo está no dia-a-dia. Quando o alimento falta na gôndola ou fica mais caro, ele lembra, um dos fatores pode ser o clima. E no Brasil, explica André, mais da metade do volume emitido se deve ao desmatamento e à pecuária. No caso do desmatamento, André é categórico e defende a tolerância zero. Quanto ao gado, ele acredita que o problema não é o boi. Mas sim a má gestão do solo e, consequentemente, do pasto.
“As pessoas têm que estar informadas, em um ano eleitoral, e dedicar o voto a linhas políticas que tenham propostas para combater o desmatamento do Brasil. Então, a primeira prioridade é acabar com o desmatamento e a segunda é tornar a pecuária mais eficiente, no sentido de emissões.”
O membro da Coalizão Brasil comenta que a agropecuária representa em torno de 30% do produto interno bruto nacional. “Ou seja, ⅓ dos empregos vem do setor dentro e fora da porteira”, diz ao relacionar o clima à sustentabilidade do setor. “Manter o desmatamento sob controle significa ter mais floresta, que significa clima estável e significa que um entre três empregos vai se manter garantido.”
Ele diz que “salta aos olhos” o desmatamento ser responsável por 46% das emissões nacionais e a pecuária emitir 27% do total do País. Isso leva a agropecuária à má reputação e desconfiança da população. Mas não precisaria ser um bicho de sete cabeças, segundo André, se o desmatamento fosse encarado como criminalidade e fosse combatido como tal.
“A prioridade é acabar com o desmatamento ilegal com a força do Estado e o desmatamento legalizável tem que ser combatido com incentivos, oferecer benefícios para que compense para o produtor não desmatar mais”, diz ao citar o pagamento por serviços ambientais.
Ele reforça: “Parafraseando a própria ministra [da Agricultura] Tereza Cristina, o Brasil pode aumentar a sua produção sem desmatar nenhuma árvore a mais. Temos que acabar com o desmatamento e ponto. É investir no aumento de produtividade por hectare e melhora na eficiência no uso da terra”.
O processo de descarbonização também passa pela pecuária por meio do manejo do pasto e do solo. Se bem administrados, eles contribuem para o processo de sequestro de carbono feito pelas plantas, diminuindo significativamente as emissões da atividade.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), atividades de baixo carbono proporcionam um alimento mais sustentável ao consumidor, com menores emissões de gases de efeito estufa (GEE). Algumas tecnologias ABC, como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) podem contribuir consideravelmente nas remoções de GEE, criando um sistema mais equilibrado entre processos de emissão e remoção.
Em termos de preço, segundo o Mapa, o aumento da produtividade resulta em preços mais estáveis ao longo do ano. Por exemplo, para a pecuária de corte, na década de 70, a diferença dos preços entre a safra até a entressafra era de mais de 25%, já descontando os efeitos da inflação do ano. Na última década, esse percentual, comparando os mesmos meses, caiu para 5%.
Neste sentido, André Guimarães defende que a pecuária precisa ser mais eficiente. Obviamente que os animais vão emitir o metano, por um processo de digestão, ele observa. O arroto do boi representa 20% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa. Ao mesmo tempo, o Brasil tem quase 200 milhões de hectares de pastagem e mais da metade é de baixa qualidade.
“Quando a gente melhora a qualidade desta pastagem, ela absorve mais carbono. O desafio da pecuária é melhorar a qualidade da pastagem, neutralizando uma parte da emissão dos animais”, esclarece.
A agricultura de baixo carbono também traz maior segurança alimentar, conforme apresenta Nina Von Lachmann, coordenadora do Grupo de Trabalho de Sistemas Alimentares do Conselho Empresarial Brasileiros de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Ela defende que produtos provenientes da agricultura de baixo carbono causam impacto menor sobre o clima e o Planeta. Logo, “consumir produtos alimentícios produzidos com menor impacto ajuda a diminuir as emissões de gases poluidores”, diz Nina.
É neste aspecto que o papel do consumidor se faz importante. Para ela, assim que os consumidores entenderem a produção de baixo carbono e conhecerem os impactos positivos sociais e ambientais da agricultura sustentável, “isso vai mudar o jogo”.
Ainda segundo Nina, uma pesquisa do Instituto Capterra mostra que 78% dos brasileiros dizem que as ações das empresas influenciam na escolha dos produtos. “A pressão do consumidor é que vai dar força para a adoção de soluções verdes, tanto pelas empresas quanto pelos governos”, ela projeta.
Na visão de André, da Coalizão, a questão da sustentabilidade é complexa para as pessoas, embora ele observe uma mudança gradual no comportamento. “Grande parte das pessoas se perguntando o que podem fazer já é um grande indicativo de que querem fazer alguma coisa”, comenta.
Uma dica para quem quiser se engajar, ele diz, é prestar atenção na postura e compromissos das empresas. E aquela que se compromete a reduzir as emissões e mostra resultado pode conquistar uma fatia do mercado: o cliente que considera a sustentabilidade na hora de fazer a lista do mercado.
“No passado, as empresas A e B não tinham diferenciação entre reduzir emissões. Daqui para frente há essa diferenciação e escolher o que consumir é uma responsabilidade coletiva”, diz André, com a ressalva de que a baixa renda populacional é um dificultador para escolher o que se come.
Fonte: Revista Globo Rural
Fonte: Portalr2s.com.br
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